A fala de Jader Soares |
Jader Soares, ladeado pelo Pres. da Academia de Letras de Aracati Augusto Pessoa e pelo Jornalista Plínio Bortolotti |
Pessoa, Jader e Dideus Sales |
Profª Arusha e acadêmicos. |
Jader Soares e Prof. Myrson Lima |
Acadêmico Tony Moraes, Prof. Stélio e Jader Soares |
A Academia de Letras de Aracati, recebeu na tarde de
ontem, dia 13 de fevereiro, o escritor Jader Soares. Em pauta, o lançamento de
seu sexto livro: PAULA NEI – O Primeiro Humorista Brasileiro.
O
evento foi por demais prestigiado e aconteceu nos jardins do Museu Jaguaribano.
Os
trabalhos, abertos pelo Presidente da Academia, Augusto Pessoa, ainda constou
de posse de dois novos acadêmicos e a
entrega do título de Membro
Honorário ao Professor Stélio Torquato. Além dos acadêmicos e
público em geral, registramos as
presenças ilustres do Jornalista Plinio Bortolotti e do Professor Mylson Lima.
A
apresentação do autor e da obra foi feita pelo Professor Dr. Stélio Torquato Lima. Na sequência, foi a
vez de Jader Soares tomar a palavra. Agradeceu, contou causos e falou como
surgiu a ideia curiosa de defender PAULA NEI como o primeiro humorista
brasileiro, e de sua amizade com Chico Anysio. A apresentação do livro, aliás,
foi feita pelo Chico.
Jader
pretende lançar o livro em varias cidades. Primeiro, lançou em Fortaleza, no
Museu do Humor Cearense, dentro da I
FESTA LITERÁRIA DO HUMOR CEARENSE, acontecida em dezembro de 2015. Agora em
Aracati, terra natal do biografado. Em março, o lançamento será em Massapê,
terra natal do autor. E depois...
Após
as falas, autógrafos. Após autógrafos, coquetel, oferecido pelo acadêmico Prof.
Mauro, no aconchegante Espaço Cultural BARCA.
O
autor fez doação de três livros para as seguintes instituições: Museu
Jaguaribano, IFCE e Espaço Cultural BARCA.
Para
adquirir a obra, vá ao Museu do Humor Cearense (Av. da Universidade, 2175 –
Benfica – Fortaleza-CE) ou ligue 999 91 0460 (TIM). O valor do livro, no Museu:
R$: 20,00.
Apresentação
Lançamento do Livro
PAULA NEI – O Primeiro Humorista
Brasileiro
Autor - JÁDER SOARES
Academia de Letras de Aracati
Prof. Stélio Torquato Lima
Prezado presidente da
Academia de Letras de Aracati, através de quem saúdo os demais Acadêmicos desta
agremiação;
Queridos parentes e amigos que comparecem a esta solenidade, verdadeira celebração da cultura literária e dos talentos da terra dos bons ventos,
Boa tarde!
Peço vênia para ler um breve
texto que escrevi para saudar a obra que passa a ser lançada neste momento.
É com satisfação que
participo hoje em Aracati, terra natal de Paula Nei, do lançamento de uma obra
sobre a vida daquele que foi considerado por Chico Anysio como o primeiro
humorista brasileiro. A satisfação é ainda maior por ser o autor que assina a
referida obra também um humorista, pois é alguém que fala do que conhece muito
bem: a gaiatice que marca o Ceará, terra da molecagem, como um dia acentuou
outro filho do Aracati, o romancista Adolfo Caminha.
Jáder Soares, o nosso querido
Zebrinha, humorista conhecido nacionalmente, é filho de Massapê. Graduou-se em
História, tendo exercido o magistério por mais de uma década.
A vocação para o humor,
entretanto, o transportou das salas de aula para os palcos, tendo estreado como
humorista em 1984, no Teatro Vila Velha, em Salvador, Bahia, onde morou por 5
anos. O Show de
estreia do artista aconteceu no período da luta pelas eleições diretas no
Brasil: “Diretas, já!”. O nome do show: “INDIRETAS”. Foi censurado para 16
anos. Neste mesmo ano, Jader voltou ao Ceará e começou a se apresentar em
Fortaleza.
Palestrante e Escritor, Jáder
Soares já contabiliza seis livros lançados, além de um CD e vários cordéis.
Na Televisão, foi
apresentador de programas na TV Diário e TV Jangadeiro e já participou de
vários programas nacionais, incluindo o Domingão do Faustão, o Domingo Legal
(Gugu), o Globo Repórter e o Show do Tom.
Já se apresentou ao lado
de ilustres colegas como: Chico Anysio, André Lucas, Nizo Neto, Carequinha,
Felipe Pontes, Eleizer Mota (Seu Batista), João Cláudio Moreno e de toda a
galeria de atores que faz humor no Ceará.
Atualmente, é diretor do Teatro Chico
Anysio (espaço que fundou em parceria com seu irmão Chico Soares, em 1991)
e do Museu do Humor Cearense, inaugurado em abril de 2014. Também é presidente
da Associação dos Humoristas Cearenses (ASSO-H).
O mesmo talento como
humorista, Zebrinha demonstra na tessitura deste [mostra o livro pra plateia]
“Paula Nei: o primeiro humorista brasileiro”, obra escrita em 2008, mas somente
dada a público em dezembro do ano passado, por ocasião da I Festa Literária do
Humor Cearense.
Com uma linguagem ágil,
prosaica, num ritmo de leve bate-papo com o leitor, Jáder Soares reconstitui o
ambiente boêmio e efervescente em que viveu seu biografado, e, bem escudado por
obras de referência, traz momentos centrais da trajetória de Paula Ney.
A esse propósito, cabe
destacar brevemente alguns dados sobre o protagonista da obra aqui lançada.
Francisco
de Paula Nei foi um poeta e jornalista que marcou o boêmio Rio de Janeiro da belle époque. Era amigo
de Aluísio Azevedo, Coelho Neto, Olavo Bilac e do abolicionista José do
Patrocínio.
Filho de uma alfaiate e de uma dona de casa, Paula Nei nasceu
em Aracati, em 2 de fevereiro de 1858, e
faleceu no Rio de Janeiro, onde viveu a maior
parte da sua vida, em 13 de novembro de 1897.
Viveu, portanto, apenas 39 anos, o que não impediu que se eternizasse como
grande orador e, sobretudo, como figura das mais engraçadas que o Ceará já
produziu.
Além dos poucos anos que
viveu, Paula Nei traz também um componente que torna ainda mais surpreendente
sua imortalidade literária: não deixou uma só obra publicada. Como ele mesmo se
definiu, foi UM LITERATO AGRÁFICO E UM FOLHETINISTA ORAL.
Como poeta, deixou apenas
sete sonetos, “feitos as mesas dos cafés e confeitarias cariocas” (p. 31),
enquanto jogava conversa fora. Entre eles, o mais famoso foi o poema dedicado à
cidade de Fortaleza, quando consagrou a expressão “loira desposada do sol”. Eis
o soneto:
A Fortaleza
Ao longe, em
brancas praias embalada
Pelas ondas azuis dos verdes mares,
A Fortaleza, a loira desposada
Do sol, dormita à sombra dos palmares.
Pelas ondas azuis dos verdes mares,
A Fortaleza, a loira desposada
Do sol, dormita à sombra dos palmares.
Loura de sol e
branca de luares,
Como uma hóstia de luz cristalizada,
Entre verbenas e jardins pousada
Na brancura de místicos altares.
Como uma hóstia de luz cristalizada,
Entre verbenas e jardins pousada
Na brancura de místicos altares.
Lá canta em cada
ramo um passarinho,
Há pipilos de amor em cada ninho,
Na solidão dos verdes matagais...
Há pipilos de amor em cada ninho,
Na solidão dos verdes matagais...
É minha terra! a
terra de Iracema,
O decantado e esplêndido poema
De alegria e beleza universais!
O decantado e esplêndido poema
De alegria e beleza universais!
A imortalidade de Paula Nei,
no entanto, se deu no cenário do humor, o que nem sempre lhe rendeu bons
frutos, a começar pelas instituições de ensino que frequentou. É clássica, por
exemplo, sua breve passagem pela Faculdade de Engenharia, descrita assim por
Jáder Soares em seu livro (p. 13):
Nei
tentou ser engenheiro. Matriculou-se no Curso Geral da Escola de Engenharia, no
Rio de Janeiro. Mas só assistiu a uma aula. E ele dava o maior valor contar, quando
alguém perguntava, o motivo que o levara a desistir da profissão de engenheiro:
“O professor encheu o quadro-negro com
algarismos, raízes, letras gregas. Todos atentos, acompanhávamos os
complicadíssimos cálculos. Chegando ao fim do quadro, passou o professor a
escrever em outro, cálculos e mais cálculos. Depois de uma hora exaustiva, no
último espaço disponível do segundo quadro-negro, concluiu: Igual a zero”
Nei
ficou pasmo, e falou para todos:
“Eu juro que não acredito! Quer dizer
que o senhor, professor, passou uma hora gastando giz nestes dois quadros, para
no final dar em nada... Igual a zero... Sinto muito! Eu desisto!”
Sem querer mais me alongar, e deixando que o amigo Jáder se
encarregue ele mesmo de mencionar outras passagens engraçadas da vida de Paula
Nei, gostaria apenas de registrar a comovente saudação do dramaturgo Artur
Azevedo a Paula Nei por ocasião do sepultamento deste (p. 75-76):
Inolvidável
Chico, hoje, afinal descansas,
Vencido
na jornada aspérrima da vida
E
levas para a cova, ao fim da insana lida,
As
tuas ilusões, as tuas esperanças...
Guardam-te
eternamente as fúlgidas lembranças
Do
teu talento de ouro, e a sombra estremecida
Da
alma que possuístes, em lágrimas fundidas,
Ó
bom, ó meigo, ó doce amigo das crianças!
Que
é do inflamado verbo, altíssono e vibrante?
Onde
a frase incisiva, a graça coruscante?
Tudo
acabou? Quem sabe? Ou voltará? Talvez...
Neste
dia fatal, no dia em que morreste,
Pela
primeira vez o espírito perdeste
E
fizeste chorar pela primeira vez.
O homem que mereceu a beleza desses versos tem o merecido
reconhecimento na obra de Jáder Soares. Bendito sejas, amigo Zebrinha, por
trabalhar para preservar a memória do ilustre cearense Paula Nei.
Bem-aventura sejas, Academia de Letras de Aracati, por
albergar esse evento de celebração à lembrança de um conterrâneo ilustre,
afirmando a vocação que te deu à luz, a de cultuar os valores de nossa terra.
Muito obrigado!
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